20111202

4 Temas de Bertazzo - III



Estruturação Corporal e Descoberta da Identidade

Ninguém existe sem antes perceber o próprio corpo. Se nosso corpo constitui-se de vários "pedaços", o movimento é o fator que nos possibilita juntar essas peças e criar unidade. O movimento nada mais é que uma tensão conduzida de um músculo a outro, organizando alavancas ósseas e permitindo a sensação de um braço inteiro, de uma perna inteira e, finalmente, de um corpo inteiro. É essa síntese motora que nos fornece a confortável sensação de unidade, de identidade.

Se nossas unidades estruturais não concorrem para a consciência de uma identidade, o psiquismo será novamente sobrecarregado nesse esforço da personalização.

Tão importantes são essas sínteses corporais — ou "sensações de globalidade", como escreve Mme. Béziers — que a sua ausência em nosso cotidiano determina bloqueios, espasmos, pinçamentos nervosos, o deslocamento de uma vértebra, um torcicolo etc. Di¬ante desses sintomas muitas terapias concluem que é necessário "soltar" ou "liberar" algo na estrutura corporal. Redondamente errado. Ao contrário, tais bloqueios ou espasmos ocorrem justamente por causa de um desmanche, pela falta de uma síntese corporal — ou seja, porque o corpo perdeu o sentido de suas unidades em tensão adequada, sua forma própria de funcionar.

O movimento é, pois, fator coordenador de nossa estrutura, dando-lhe coesão, densidade, tônus — unidade, enfim. Essa é a maneira que o corpo possui para nos certificar de sua presença. Frequentemente a dor nada mais é que um espasmo de defesa, apelo de reorganização, chamamento à consciência do corpo. O melhor caminho para a disfunção e a dor é trabalhar no sentido de um tensionamento harmonioso de nossas unidades corporais.

Ivaldo Bertazzo, 'O Cidadão Corpo', página 34


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