20110622

Pescado: Trabalhando com as dificuldades

Ilustração: Eva Uviedo

(Sarah Doering, in acessoaoinsight)

Agora, o que vou dizer sobre trabalhar com a raiva se aplica a qualquer emoção aflitiva. Portanto, se a raiva não for a sua principal preocupação no momento, mas o desejo ou o medo, ou a inveja, ou alguma outra coisa, por favor, preste atenção com cuidado, pois as mesmas palavras são aplicáveis.
Se você estiver sentado e de repente acordar para o fato de que está com raiva, com muita raiva – dê um passo para fora da estória que está se desenrolando na sua mente. Deixe de lado o pensar. Faça uma pausa e permaneça com a sensação de raiva, não importa quão desconfortável ela for. A sensação poderá ser de total repugnância, uma massa confusa, pesada, quente e que queima. Cada emoção possui o seu toque particular e quando ela assume o comando, parece ser uma entidade sólida, substancial, que não tem fim.
Na verdade, a raiva não é sólida, mas uma combinação de diferentes componentes: pensamentos, que fazem a estória ficar dando voltas; um toque emocional em particular; e numerosas sensações corporais. E tudo isso, assim como a própria raiva, é transitório. Surge e desaparece, surge e desaparece.
Tente deixar de lado os pensamentos. Abandone a estória que está se desenrolando na mente: “Ele fez isso, ela disse aquilo, isso não é justo ...”. Esses pensamentos são a expressão da raiva e também o seu alimento Abandone-os e traga a atenção para as sensações no corpo. Permita-se sentir, sinta completamente a emoção, diretamente. Olhe para ver o que está acontecendo. Há calor, há pressão, há tensão, há contração? Onde no corpo estão sendo experimentadas essas sensações? Elas se movem? Elas mudam? Qual a sua relação com elas? Há resistência contra elas? Se houver resistência, permaneça com ela e sinta-a.
Se o pensamento for tão forte que fica puxando-o de volta para a estória, faça uma pequena anotação mental “pensando”, “pensando”. A anotação mental mantém viva a atenção plena e é um cordão de sanidade. Ela nos recorda do que na verdade está acontecendo exatamente neste momento – que, muito simplesmente, são pensamentos enraivecidos surgindo na mente.
Quando a raiva for forte e custar muito trabalho permanecer no presente, respire fundo algumas vezes, respire através da raiva e depois regresse para as sensações no corpo quando puder. Acima de tudo, aceite o fato de que a raiva está aqui. Abra-se para ela. Dê permissão, com suavidade. Ficar contrariado e enraivecido com a raiva só aumenta a raiva e aumenta a dor.
Se a emoção for demasiado intensa para ficar sentado, faça meditação andando. Caminhe rápido. Traga a atenção plena para o caminhar. Ou pare e desfrute da natureza. Olhe para os campos e as árvores contra o céu. Olhe para os pássaros e as pequenas criaturas. Mas não se entregue aos pensamentos. Tenha atenção plena. Pois quando temos atenção plena, não há raiva. A raiva desaparece. Isso é verdade para qualquer emoção negativa. Quando a atenção for incondicional, a negatividade simplesmente desaparece.

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